Ao som de "One", U2
O chuvisco cai nessa tarde e junto com as gotículas inúteis, meu pensamento toma forma perante o vazio da emoção.
Não sei bem se é vazio ou falta de vontade de sentir, ou talvez difilcudade de perceber o que estou sentindo... só sei que há um vazio intraduzível e ininteligível aqui dentro.
E é estranho sentir-me vazio... é bom e ruim ao mesmo tempo. Paradoxo, né? É como se esse vazio fosse a definitiva conclusão de que pertenço ao universo inteiro; que estou conectado à tudo num raio imensurável. Mas, ao mesmo tempo, ainda que ilusoriamente pleno, também estou irremediavelmente vulnerável em mim. Sem proteção, casulo ou ancoradouro para os momentos de tempestades.
Assim como o chuvisco dessa tarde, que cai e escorre pela terra virando lama, meu pensamento escoa em torrentes inúteis de sentimentalismo, tranformando meu humor em algo que deveria ser evitado (pelo menos eu acho). Contudo é da lama que nascem os mais belos lírios, assim como é do sofrimento e do sentimento que surgem as mais belas criações.
Não pretendo fazer uma bela criação, apenas um belo momento para meu coração em franca recuperação e enxer-me de mim e um pouco do universo ao qual voluntariamente me conectei e ser um pouco melhor, um pouco menos dramático, um pouco menos sentimental, um pouco mais racional e um pouco mais eu!
E, assim como o chuvisco "inútil" penetra na terra e desemboca nos rios subterraneos do meu ser, tornando-os um pouco e "inutilmente" maior, esse "rio", profundo e belo em si, segue para o mar da vida na esperança de encontrar uma onda cálida e mansa que o permita continuar sendo rio em frente a todo o sal que a existência apresenta.
(para minha volta depois de algum tempo... obrigado a todos que me acompanham sempre!)
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