(a foto mais engraçada e que mais gosto nossa)
Ao som de "A Amizade", Fundo de Quintal
Tem tempos que não escrevo um texto meloso e hoje acordei com essa necessidade.
E mais que uma necessidade, um preito de gratidão que é importante expressar.
Antes, um relato rápido:
Quando criança, na escola primária, eu conheci um menino bochechudo, SUPER loiro e com os olhos mais azuis que só tinha visto em desenhos animados, até então. Depois de alguns desentendimentos, esse menino virou o meu melhor amigo. Estávamos sempre juntos e o máximo que eu podia, estava na casa dele e ele na minha.
Com o tempo, como todo menino loiro de olhos azuis dos anos 90, ele se tornou popular na escola e eu, o negro amigo dele, nem tanto. Mas não é sobre isso que quero falar.
Aconteceu que quando faríamos 15 anos de idade ele faleceu atropelado por um carro que não deu assistência (assunto para outro post, podem esperar). E meu mundo pareceu acabar na época.
O Fê era mais que um melhor amigo: era o que eu entendia por um irmão. Quando mais novo, meu irmão mais velho era MUITO mais velho que eu e meu irmão mais novo não tinha os mesmos gostos ou interesses que eu, então, eu me sentia bem sozinho até Fê surgir em minha vida.
Bem, a vida precisa seguir e foi o que fiz; muita terapia, aprendendo sempre e cada vez mais minha religião, que me ajudava a compreender a morte e seus mistérios, consegui não sofrer mais com a passagem de meu amigo. Mas eu não era mais o mesmo.
A alegria espontânea, o riso fácil e o colorido que a vida tinha pareciam ter se perdido em algum lugar. Continuei sendo o Éverton educado, compromissado e amigo de sempre, mas não de um jeito que eu me sentisse pleno.
A adolescência passou célere e a vida adulta chegou com suas responsabilidades, e minha postura frente os amigos se manteve: amigo, porém longínquo emocionalmente.
Até que em 2010 algo diferente aconteceu: apareceu o Brenikito em minha vida!
Ele sempre foi alguém próximo da casa de meus pais; um menino comum da vizinhança. Mais novo um pouco que meu irmão mais novo. Eu já o tinha visto, mas não exatamente notado, então, era como uma folha seca em período de outono.
Mas naquele 2010, na academia que existia na cidade (acho que ainda existe), ele me chamou atenção: cabelo estilo emo (que tenho certeza que ele falará "gótico suave" ou algo do tipo), roupas pretas, olhar cansado e com olheiras.
Eu pensei: "o que essa criatura está fazendo aqui, à essa hora, se ele parece que precisava estar dormindo mais?!". E o pior: estava fazendo o alongamento de perna errado. Depois de tantos anos de vôlei e ballet, identificamos isso bem rápido. Como ele era um vizinho, neto da "dona da vendinha" do quarteirão, achei que não faria mal instruí-los. Cheguei respeitosamente, cumprimentei e expliquei um jeito mais efetivo de se alongar.
Ainda não entendo o porque ele me olhou de maneira tão estranha; parecia que ele não achava possível que alguém o estivesse enxergando. Mas ele agradeceu, aceitando a sugestão e mudou o jeito de fazer o alongamento.
Alguns dias depois, nos reencontramos (e confesso que minha memória já não me permite lembrar onde e como) e conversamos brevemente. Acredito que foi nesse segundo encontro que falei que dançava ballet e que ele seria uma boa aquisição para o grupo e ele aceitou o convite.
Desde que ele entrou no ballet, voltávamos quase sempre juntos, salvas as vezes que tinha que ir para a casa espírita. Aos poucos fomos nos tornando próximos até que um dia aconteceu: eu me senti feliz em estar perto dele. Era um colorido diferente de quando eu estava com Fê, mas ainda assim, havia cor, calor e emoções.
No começo ATÉ EU achei que era algo sexual, pois estava desabituado a sentir isso por amigOs. E eu já sabia que ele é hétero (mais um post para um futuro breve) e a maneira como ele me aceitou foi muito bonita! A terapia me ajudou a identificar o sentimento fraterno e de amizade e eu não imaginava que ainda havia espaço em mim para esse sentimento depois de Fê, ainda mais para um menino tão mais novo e imaturo que eu (a vida é surpreendente, né?!).
Tudo que aprendi com Fê, em termos de ser amigo, era meio difícil de aplicar com Brenikito, pois ele é quase bem oposto de mim! Piadas horríveis (ele contestará), jeito meloso (nova contestação), infanto-ingenuidade elevada à máxima potência dela mesma (vou ser muito xingado por essa), mas ainda assim é alguém que eu amo ter em minha vida, seja por simplesmente me aceitar como sou à oportunidade de me desafiar a ser quem eu preciso ser.
O tempo e as existências foram nos aproximando: alegres, tristes, difíceis, dificílimas, carinhosas... todas serviram para atestar e selar uma amizade tão intensa e profunda em mim que tenho muita alegria e orgulho de dizer que tenho um novo melhor amigo!
(diário e sentimentos explícitos. Obrigado por estar na minha vida, Brenikito)
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