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Civismo


Depois de um tempo elaborando, consegui entender a frustração que me assolava o peito, mais precisamente no dia 18 de dezembro de 2010.
Evento e Local: Solenidade de formatura dos cursos de Administração, Ciências Contábeis e Serviço Social da Unifor MG (Universidade de Formiga, Minas Gerais); depois da entrada dos professores e dos formandos, é dado o ínicio à cerimonia com o Hino Nacional. O que se seguiu me chocou e horrorizou com tal impacto que minha vontade foi gritar, chorar e fugir ao mesmo tempo!
Enquanto começava o hino, mais da metade das pessoas estavam sentadas, conversando alto, fazendo gestos para chamar a atenção do formando a quem foram prestigiar; os poucos que estavam em pé, também conversavam, muito alto, tentando se sobrepor à "essa música chata" (uma jovem disse isso ao meu lado, enquanto falava ao celular); nem mesmo os formandos estavam prestando atenção àquele momento.
Quando o hino já estava pela metade (e eu, de olhos na bandeira, com os braços para trás como havia sido ensinado e aprendera a honrar aquele momento solene, tentando com todas as forças prestar atenção), várias pessoas ao meu lado, que incrivelmente continuavam falando mesmo com o Hino Nacional acontecendo, começaram a sair dos lugares e se movimentar: uns buscando água, outros indo para junto dos amigos que avistaram e conversando... vários estudantes sequer se dignaram levantar.
Findo o Hino Nacional e com excessão dos homens que fizeram TG (Tiro de Guerra) e dos poucos entendedores do manifesto cívico, todas as outras pessoas começaram a aplaudir, enquanto eu tinha vontade de chorar! Será muito difícil demonstrar respeito à Flâmula, ao Hino Nacional ou ao momento solene de exaltação da Pátria que nos acolhe?
Hoje, contrariando minha esperança e minha tentativa de manter os olhos fechados, percebo que os brasileiros, em sua maioria, são realmente amantes dos esportes, porque demonstram ser pertencentes à esse país apenas nos eventos esportivos: agitam bandeiras, vestem camisas, gritam "Eu sou brasileiro com muito orgulho, com muito amor"... todos hipocritamente sem refletir e perceber a condenação que cantam.
Para mim, o descaso com que tratam a bandeira e o Hino reflete em pequena proporção o descaso com que tratam a nação e seus pertencentes! Pelo menos assim eu consigo justificar tantos crimes e lesões cometidas contra a nação, os orgãos públicos e a população; consigo justificar tanta ladroagem daqueles que deveriam iniciar o progresso do nosso país por meio de ementas, metas e planejamentos e ações concretas; consigo justificar os abusos de todas as ordens; consigo justificar os preconceitos; consigo justificar a falta de fé; consigo justificar o meu próprio sentimento de revolta... em pensar que serão nas mãos de profissionais que não sabem nem respeitar a solenidade da própria formatura que estaremos depositando nossa confiança (que medo, que triste...)!
Quisera eu que o brado de "Ordem e Progresso" fosse mais forte que os gritos de dor e angústia das mães que perdem seus filhos para as drogas, o tráfico, as balas perdidas, as mortes misteriosas; quisera que fossem usados "braços fortes" para que realmente a igualdade surgisse neste país para que os imigrantes, os negros, os pobres, os homossexuais, os vaidosos, os excêntricos tenham o "sol da liberdade" que todos buscam e que nós temos a condição de ofertar!!!
No fundo tenho certeza que vai mudar e, com as palavras entranhadas em minha consciência ("veras que um filho teu não foge à luta..."), tenho mais certeza ainda que meu exemplo um dia ajudará nessa mudança... tenho certeza que o "Brasil, coração do mundo, pátrica do Evangelho", como diz o cronista do além, será o que Jesus espera de nós!
Só gostaria que não demorasse muito...

(para a Patria Amada Brasil, na esperança que existam patriótas para honrá-la)

Apêndice (por Danielle Faria - Caleidoscópio)

Lembram-se daquela aluna que ficava na fila em frente à bandeira nacional? A criança de uniforme azul-marinho, saias pregueadas, meias brancas, sapato preto que ouvia atentamente, os discursos sobre o futuro da nação ao som do Hino Nacional? Aquela criança sou eu e o futuro chegou!
Já ficamos tempo demais deitados em berço esplêndido!

(obrigado meu anjo... mto oportuno)

Comentários

Compartilho cada palavra sua!
Além da emoção que senti ao ler seu texto, um desejo de mudança avivou intensamente e só consigo reescrever:

Lembram-se daquela aluna que ficava na fila em frente à bandeira nacional? A criança de uniforme azul-marinho, saias pregueadas, meias brancas, sapato preto que ouvia atentamente, os discursos sobre o futuro da nação ao som do Hino Nacional? Aquela criança sou eu e o futuro chegou!
Já ficamos tempo demais deitados em berço esplêndido! (Danielle Faria - Caleidoscópio)

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