Quarto fechado, coração oprimido. Talvez fosse o calor do dia que se condensou todo na minha cama; talvez fosse um desejo de que o mundo fizesse sentido. Sei que estava muito difícil ficar no meu quarto ontem a noite (e olha que para isso acontecer o mundo tem que estar acabando e mesmo assim...). Pelo visto meu mundo interno estava desmoronando!
Olhei o relógio, eram 23:54 ... em seis minutos eu deveria atrasar o relógio para finalizar hipoteticamente o horário de verão. Mas para que esperar seis minutos? Superstição ou algo de doido mesmo... não estava na minha sanidade mental naquele momento. Esperei. Um, dois, três, quatro, cinco, seis minutos; hora de atrasar a hora! Estranhamente a sensação de ter mais tempo me reanimou.
Depois de muitas tentativas frustradas de me concentrar na leitura de "The Hobbit" (em inglês mesmo para treinar), levantei de um salto na cama. Algo começava a crescer dentro de mim... um desejo ardente de fazer traquinagens! Inevitávelmente lembrei do meu amigo Breno, sempre me chamando de "menino sapeca implicito". Ri alto no quarto.
Tirei o short (aquele mesmo azul de malha e folgado) e fiquei um tempo me admirando nú pelo espelho. Preciso voltar a fazer as 600 abdominais que estava acostumado, pensei um tanto deprimido... sou o único bailarino com gorduras localizadas que conheço! Novamente ri alto à esse pensamento. Mas num todo, gostei! Jeans um pouco surrada, camiseta preta de listras, tenis... um look bem casual, acho eu. Ir ou não de boné? Melhor não. Minha colônia favorita (que uso só quando quero fazer besteira ou provocar a besteira de outro, rs), documentos, dinheiro, chaves da casa. Saio para a noite.
Andando jocosamente pela rua até o centro da cidade, percebo que uma brisa leve acaricia minha pele e tenta inutilmente desacelerar meu coração que palpita incomodamente. Olho para a esquerda na Rio de Janeiro e vejo que tem algo acontecendo na Space, a boite pertinho da minha casa, no centro da cidade, mas não estou a fim de baladas hoje.
A caminhada é convidativa, assim como o tráfego que segue para o centro. Alguns assovios, algumas buzinadas; finjo não ser para mim, mas um leve sorriso brota no canto da boca. Novamente o "menino sapeca implicito" volta à minha mente e imagino estar com a cara mais safada do mundo com esse sorriso travesso.
Passando perto dos Correios, um rapaz me encara. Finjo que não noto e passo reto (quem é doido de retribuir uma encarada no meio da noite?). Inesperadamente eu congelo quando ouço um "Ei Éverton" atrás de mim, possivelmente do "cara" que me encarou. Virando cautelosamente e olhando bem aquele rosto que sorri, percebi ser um ex companheiro de escola, que não via a pelo menos sete anos. Foi um momento de nostalgia e fofoca... muito bom recordar e atualizar.
Despedidas feitas, telefones trocados, hora de continuar meu rumo sem direção.
Durante o trajeto o celular toca e um grande amigo de Teresina está do outro lado da linha! Bom ouvir a voz dele... sempre é! Emoção a mil aliada ao que já estava sentindo... sou uma bomba emocinal. Sento no banco da praça enquanto converso ao celular; mais alguns assovios e buzinadas. Não consigo deixar de pensar que o povo da minha cidade é muito abusado ou muito oferecido! Mais alguns minutos até mais uma buzinada. Estranho que essa foi insistente. Não consegui deixar de olhar.
Sorrindo um tanto espantada, uma das minhas melhores amigas para o carro e sai toda arrumada, deslumbrante para ser mais exato. Segundo ela apenas uma festa de aniversário... "Aham, senta lá, Cláudia"! Ficamos lá conversando, rindo, comentando nossos problemas e dificuldades, rindo... foi maravilhoso passar aquelas duas horas com a Ju; é sempre muito bom estar com ela (que ela não saiba, claro, para não ficar se gavando depois, rsrsrs). Já eram 2:30 horas e a Ju foi pra casa depois de um longo e gostoso abraço (como se não fossemos nos ver em poucas horas).
Rumei a avenida Brasil tensionando ir pra minha casa quando um carro para ao meu lado. Três rapazes me olham, sorrindo mal-intencionados. Seguiu o diálogo:
- Ei gato, tudo bom?
- Beleza... estão perdidos?
- Só se for na sua beleza (o rapaz sentado no banco de trás fala e começa a rir sem graça com meu olhar).
- ...
- E me diz, quanto que tá?
- Quanto está o que?
- O programa? R$200,00 paga pra nós três?
- Olha... desculpe mas...
- Tá bom... R$250,00... falei pra você que bonito desse jeito não ia dar pra fazer desconto, né bicha...?
- É. Ah, mas olha... vale a pena! (o outro, sentado no banco do carona)
- Gente... valeu, mas eu não faço programa. Estou indo pra minha casa.
- Ah, que pena... tem certeza?
- Tenho... obrigado e tchauzinho pra vocês! Boa procura...
Enquanto descia a avenida, vejo o carro parar novamente perto de mim, os rapazes aumentarem a proposta, receberem decepcionados a recusa, buzinar e sair para algum local onde pudessem encontrar o que desejavam.
Depois de me certificar de que realmente haviam ido embora, sentei na calçada e comecei a rir, alto e bobamente. Ri dos encontros de uma noite que deveria ser de peraltice; ri da minha ingenuidade; ri da minha necessidade de ser o centro das atenções e ri de não quere-la mais quando aconteceu...
Foi a situação mais estranha que me aconteceu e, pior que isso, percebi que minha vontade de ser "sapeca" não era assim tão grande ou autêntica. Percebi, já novamente no meu quarto, que eu precisava era rir bastante para desafogar o sufoco no meu coração e entender que a vida é muito mais simples do que fazemos dela.
(diário explicito desta vez, rsrsrsrs)
A caminhada é convidativa, assim como o tráfego que segue para o centro. Alguns assovios, algumas buzinadas; finjo não ser para mim, mas um leve sorriso brota no canto da boca. Novamente o "menino sapeca implicito" volta à minha mente e imagino estar com a cara mais safada do mundo com esse sorriso travesso.
Passando perto dos Correios, um rapaz me encara. Finjo que não noto e passo reto (quem é doido de retribuir uma encarada no meio da noite?). Inesperadamente eu congelo quando ouço um "Ei Éverton" atrás de mim, possivelmente do "cara" que me encarou. Virando cautelosamente e olhando bem aquele rosto que sorri, percebi ser um ex companheiro de escola, que não via a pelo menos sete anos. Foi um momento de nostalgia e fofoca... muito bom recordar e atualizar.
Despedidas feitas, telefones trocados, hora de continuar meu rumo sem direção.
Durante o trajeto o celular toca e um grande amigo de Teresina está do outro lado da linha! Bom ouvir a voz dele... sempre é! Emoção a mil aliada ao que já estava sentindo... sou uma bomba emocinal. Sento no banco da praça enquanto converso ao celular; mais alguns assovios e buzinadas. Não consigo deixar de pensar que o povo da minha cidade é muito abusado ou muito oferecido! Mais alguns minutos até mais uma buzinada. Estranho que essa foi insistente. Não consegui deixar de olhar.
Sorrindo um tanto espantada, uma das minhas melhores amigas para o carro e sai toda arrumada, deslumbrante para ser mais exato. Segundo ela apenas uma festa de aniversário... "Aham, senta lá, Cláudia"! Ficamos lá conversando, rindo, comentando nossos problemas e dificuldades, rindo... foi maravilhoso passar aquelas duas horas com a Ju; é sempre muito bom estar com ela (que ela não saiba, claro, para não ficar se gavando depois, rsrsrs). Já eram 2:30 horas e a Ju foi pra casa depois de um longo e gostoso abraço (como se não fossemos nos ver em poucas horas).
Rumei a avenida Brasil tensionando ir pra minha casa quando um carro para ao meu lado. Três rapazes me olham, sorrindo mal-intencionados. Seguiu o diálogo:
- Ei gato, tudo bom?
- Beleza... estão perdidos?
- Só se for na sua beleza (o rapaz sentado no banco de trás fala e começa a rir sem graça com meu olhar).
- ...
- E me diz, quanto que tá?
- Quanto está o que?
- O programa? R$200,00 paga pra nós três?
- Olha... desculpe mas...
- Tá bom... R$250,00... falei pra você que bonito desse jeito não ia dar pra fazer desconto, né bicha...?
- É. Ah, mas olha... vale a pena! (o outro, sentado no banco do carona)
- Gente... valeu, mas eu não faço programa. Estou indo pra minha casa.
- Ah, que pena... tem certeza?
- Tenho... obrigado e tchauzinho pra vocês! Boa procura...
Enquanto descia a avenida, vejo o carro parar novamente perto de mim, os rapazes aumentarem a proposta, receberem decepcionados a recusa, buzinar e sair para algum local onde pudessem encontrar o que desejavam.
Depois de me certificar de que realmente haviam ido embora, sentei na calçada e comecei a rir, alto e bobamente. Ri dos encontros de uma noite que deveria ser de peraltice; ri da minha ingenuidade; ri da minha necessidade de ser o centro das atenções e ri de não quere-la mais quando aconteceu...
Foi a situação mais estranha que me aconteceu e, pior que isso, percebi que minha vontade de ser "sapeca" não era assim tão grande ou autêntica. Percebi, já novamente no meu quarto, que eu precisava era rir bastante para desafogar o sufoco no meu coração e entender que a vida é muito mais simples do que fazemos dela.
(diário explicito desta vez, rsrsrsrs)
Comentários
Imaginei (escutei!!!)o seu riso quando foi o centro das atenções e depois recusou o que antes ansiava.
Suas palavras me conduziram a um prazeroso instante de encontro... Só podiam ter nascido de você!
Escreva mais diários explícitos!
Narrativa ímpar!
Paola