Ao som de "Make 'em laugh", Donald O'Connor
Por que será que sempre que estou com a Ju tenho certeza que algo muito engraçado vai acontecer? Talvez os longos anos juntos me dão essa certeza. Mas dessa vez não foi apenas engraçado, foi frustrante, irritante, delicioso, perigoso e excitante também; tudo ao mesmo tempo (ou com leves variações ao longo das horas que ficamos juntos).
Bem, do inicio, então:
Lagoa da Prata, dia 25 de março de 2011. Exatamente 12:42.
Juliana chama no portão da minha casa. Como de costume, brinco gritrando de dentro da casa um "Não estou" e espero pelas gargalhadas altas dela no lado de fora. Alguns minutos depois saio, cumprimento-a e entro no carro no banco do motorista, sob recomendação de cuidado e desejo de boa viagem de minha mãe. O destino? Divinópolis, MG.
Uma vez no banco do motorista, percebo que ela completou o tanque para nossa viagem e, só para me assegurar, pergunto:
- Está tudo certo com o carro?
- Sim, bailarino - é assim que, geralmente, a Ju me chama - tudo certissimo!
- Ok. Então vamos com Deus. - respondo por minha vez.
Até aqui, tudo como sempre fazemos quando vamos viajar: risadas, músicas favoritas altas - dela e minhas para agradar a ambos - repassar os planos das lojas que precisamos ir, escolher o filme que vamos assistir no shopping, mais risadas, tiradas (são frases ou palavras debochadas que utilizamos para deixar as pessoas sem graça) - geralmente ganho da Ju nas tiradas, porque ela é meio lenta no raciocínio... - como disse, tudo na mesma até chegar perto de Santo Antônio do Monte, uma cidade vizinha há vinte minutos de Lagoa da Prata.
- Eita...
- Que foi bailarino - Ju pergunta estranhando (geralmente falo "eita" ou "ops" quando a situação não está normal)
- O carro está pesado... está começando a trepidar. - respondo, observando bem o que acontecia.
- O que será? - ela pergunta começando a ficar preocupada.
Aqui cabe mais uma explicação: Juliana e volante não combinam muito bem. Além de ela morrer de medo de dirigir na rodovia, não entende muito de carro. Sem preconceito e já tendo falado isso para ela, acho que o avaliador dela a passou por pena ou pelos belos olhos que ela tem. Continuemos...
- Uai Ju... se não for o cano de descarga ou o carburador sujo, só pode ser o motor... no mínimo uma vela que está gasta!
- E isso é ruim?
- Não Ju... é ótimo! É o estado que todo carro deve estar para um bom desempenho! Aiai... - falei entre levemente estressado e brincando. Ju ria alto da minha maneira de falar.
Mais alguns metros e o carro começa a trepidar muito.
- Melhor parar para tentar ver o que é. - falei mais para mim que para a Ju. Ela simplesmente acenou a cabeça em concordância.
Parei o carro o melhor que pude, porque, ao diminuir a velocidade, o carro morreu. Para aqueles que são como a Ju, quando o carro "morre", não é sinal de que precisaremos de um velório, mas porque ele apagou de vez sem um comando para isso.
Assim que puxei o freio de mão e desci do carro, percebi que não era o melhor lugar para parar: uma curva, beirando um morro, sem acostamento e sem boa sinalização. O que pensei? Simples: "Jesus, agora é com o Senhor..."
- O que é, bailarino?
- O cano de descarga não está solto... vou ver na frente para saber. - respondi, abrindo o capô.
Ao levantar o capô, vi saindo fumaça do motor e do radiador. Imediatamente olhei para o tanque de água e percebi que ele estava "VAZIAÇO". Era o fim, sabia que era motor fundido. Para aqueles, como a Ju, podemos dizer que o motor fundido seria algo como a "morte" do carro. É como se o coração tivesse parado; a diferença é que, no caso dos carros, dá para trocar se risco de morte.
- Você não disse que estava tudo bem com o carro, Ju? - falei realmente irritado.
- Uai bailarino - ela ficou temerosa, do jeito que sempre fica quando fez algo errado - eu mandei lavar o carro, achei que estivesse tudo certo... - nessa hora a gagueira era visivel, assim como seu rubor.
- Ju, meu anjo, estava perguntando da frente do carro... óleo, água...
- Ai bailarino... - estava a beira das lágrimas.
- Tá bom, tá bom... me dá sua garrafinha de água e a minha. Vamos ver se damos sorte.
Nem preciso dizer o que aconteceu; ao retirar a tampa para colocar água, toda a água do carro ferveu, saindo com força do motor. Colocamos a água das nossas garrafas, tentamos ligar o carro, o balançamos, mas nada funcionou, como esperado.
- O que a gente faz agora, bailarino?
- Simples, vamos ter que ligar para nossos pais para eles trazerem um guincho.
Depois de ligarmos para o socorro mais próximo que conhecia - meu pai, rs - tomei o cuidado de sinalizar na estrada que tinha um carro estragado na curva. Foi hilário ver a Ju tentar colocar um pequeno graveto para sinalizar ("Ah é, todos mundo, até lá na China, vai perceber isso aí no meio da estrada, Ju!").
Enquanto esperavamos meu pai, Ju e eu ficamos rindo da nossa situação, cantando em voz alta - praticamente gritando, aproveitando que estavamos no meio do "nada" (percebemos que devemos continuar a ser bailarinos), eu ameaçando jogar a Ju na maior aranha que já vimos (cuidadosamente trabalhando em sua teia GIGANTE entre dois troncos da árvore próxima do carro, que já tinha alguns insetos presos para um banquete não muito distante; minha raiva da Ju dizia que ela seria mais saborosa), correr de um lado a outro da rodovia, gritando desesperadamente (claro que apenas quando não havia chance de ter veículos passando), brincando de seduzir um ao outro... foi MUUUUUUITO DIVERTIDO.
Quando papai chegou tentando ver o que tinha acontecido (meu pai, como todo pai, não confia muito em mim no que diz respeito a direção) e constatou, como eu, que o motor tinha fundido. Ele queria nos levar de volta, mas ficamos receosos de deixar o carro sozinho - e claro que eu brinquei que deixaria a Ju sozinha e voltaria com meu pai, só para vê-la desesperada, rs - então ficamos esperando o reboque e mais ondas de risadas e brincadeiras.
Mesmo tendo ficado um pouco frustrado de não ter ido em Divi para comprar o que necessitávamos para o Studio de Dança, foi maravilhoso passar por essa experiência ao lado de uma das pessoas que mais amo (e se alguém disser isso pra Ju, nego até a morte, rs), fazendo de um momento que poderia ser de irritação, um momento de pura diversão e prazer!
Agora vamos ver quando vai ser a próxima...
(diário explicito... para me lembrar de olhar a água dessa outra vez que vou viajar com a Ju, rs)
Uma vez no banco do motorista, percebo que ela completou o tanque para nossa viagem e, só para me assegurar, pergunto:
- Está tudo certo com o carro?
- Sim, bailarino - é assim que, geralmente, a Ju me chama - tudo certissimo!
- Ok. Então vamos com Deus. - respondo por minha vez.
Até aqui, tudo como sempre fazemos quando vamos viajar: risadas, músicas favoritas altas - dela e minhas para agradar a ambos - repassar os planos das lojas que precisamos ir, escolher o filme que vamos assistir no shopping, mais risadas, tiradas (são frases ou palavras debochadas que utilizamos para deixar as pessoas sem graça) - geralmente ganho da Ju nas tiradas, porque ela é meio lenta no raciocínio... - como disse, tudo na mesma até chegar perto de Santo Antônio do Monte, uma cidade vizinha há vinte minutos de Lagoa da Prata.
- Eita...
- Que foi bailarino - Ju pergunta estranhando (geralmente falo "eita" ou "ops" quando a situação não está normal)
- O carro está pesado... está começando a trepidar. - respondo, observando bem o que acontecia.
- O que será? - ela pergunta começando a ficar preocupada.
Aqui cabe mais uma explicação: Juliana e volante não combinam muito bem. Além de ela morrer de medo de dirigir na rodovia, não entende muito de carro. Sem preconceito e já tendo falado isso para ela, acho que o avaliador dela a passou por pena ou pelos belos olhos que ela tem. Continuemos...
- Uai Ju... se não for o cano de descarga ou o carburador sujo, só pode ser o motor... no mínimo uma vela que está gasta!
- E isso é ruim?
- Não Ju... é ótimo! É o estado que todo carro deve estar para um bom desempenho! Aiai... - falei entre levemente estressado e brincando. Ju ria alto da minha maneira de falar.
Mais alguns metros e o carro começa a trepidar muito.
- Melhor parar para tentar ver o que é. - falei mais para mim que para a Ju. Ela simplesmente acenou a cabeça em concordância.
Parei o carro o melhor que pude, porque, ao diminuir a velocidade, o carro morreu. Para aqueles que são como a Ju, quando o carro "morre", não é sinal de que precisaremos de um velório, mas porque ele apagou de vez sem um comando para isso.
Assim que puxei o freio de mão e desci do carro, percebi que não era o melhor lugar para parar: uma curva, beirando um morro, sem acostamento e sem boa sinalização. O que pensei? Simples: "Jesus, agora é com o Senhor..."
- O que é, bailarino?
- O cano de descarga não está solto... vou ver na frente para saber. - respondi, abrindo o capô.
Ao levantar o capô, vi saindo fumaça do motor e do radiador. Imediatamente olhei para o tanque de água e percebi que ele estava "VAZIAÇO". Era o fim, sabia que era motor fundido. Para aqueles, como a Ju, podemos dizer que o motor fundido seria algo como a "morte" do carro. É como se o coração tivesse parado; a diferença é que, no caso dos carros, dá para trocar se risco de morte.
- Você não disse que estava tudo bem com o carro, Ju? - falei realmente irritado.
- Uai bailarino - ela ficou temerosa, do jeito que sempre fica quando fez algo errado - eu mandei lavar o carro, achei que estivesse tudo certo... - nessa hora a gagueira era visivel, assim como seu rubor.
- Ju, meu anjo, estava perguntando da frente do carro... óleo, água...
- Ai bailarino... - estava a beira das lágrimas.
- Tá bom, tá bom... me dá sua garrafinha de água e a minha. Vamos ver se damos sorte.
Nem preciso dizer o que aconteceu; ao retirar a tampa para colocar água, toda a água do carro ferveu, saindo com força do motor. Colocamos a água das nossas garrafas, tentamos ligar o carro, o balançamos, mas nada funcionou, como esperado.
- O que a gente faz agora, bailarino?
- Simples, vamos ter que ligar para nossos pais para eles trazerem um guincho.
Depois de ligarmos para o socorro mais próximo que conhecia - meu pai, rs - tomei o cuidado de sinalizar na estrada que tinha um carro estragado na curva. Foi hilário ver a Ju tentar colocar um pequeno graveto para sinalizar ("Ah é, todos mundo, até lá na China, vai perceber isso aí no meio da estrada, Ju!").
Enquanto esperavamos meu pai, Ju e eu ficamos rindo da nossa situação, cantando em voz alta - praticamente gritando, aproveitando que estavamos no meio do "nada" (percebemos que devemos continuar a ser bailarinos), eu ameaçando jogar a Ju na maior aranha que já vimos (cuidadosamente trabalhando em sua teia GIGANTE entre dois troncos da árvore próxima do carro, que já tinha alguns insetos presos para um banquete não muito distante; minha raiva da Ju dizia que ela seria mais saborosa), correr de um lado a outro da rodovia, gritando desesperadamente (claro que apenas quando não havia chance de ter veículos passando), brincando de seduzir um ao outro... foi MUUUUUUITO DIVERTIDO.
Quando papai chegou tentando ver o que tinha acontecido (meu pai, como todo pai, não confia muito em mim no que diz respeito a direção) e constatou, como eu, que o motor tinha fundido. Ele queria nos levar de volta, mas ficamos receosos de deixar o carro sozinho - e claro que eu brinquei que deixaria a Ju sozinha e voltaria com meu pai, só para vê-la desesperada, rs - então ficamos esperando o reboque e mais ondas de risadas e brincadeiras.
Mesmo tendo ficado um pouco frustrado de não ter ido em Divi para comprar o que necessitávamos para o Studio de Dança, foi maravilhoso passar por essa experiência ao lado de uma das pessoas que mais amo (e se alguém disser isso pra Ju, nego até a morte, rs), fazendo de um momento que poderia ser de irritação, um momento de pura diversão e prazer!
Agora vamos ver quando vai ser a próxima...
(diário explicito... para me lembrar de olhar a água dessa outra vez que vou viajar com a Ju, rs)
Comentários
amei msm... so di imaginar tudo que postou.. parece que me deu uma saudade de momentos assim... quase chorei!! lindo lindo... Continue assim!!!
.... Tenha um Lindo Dia!
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Grande abraço.