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Entre chapéus e véus


Ao som de "Forgiven, not forgotten", The Corrs

Estranho me sentir só em meio a tantas pessoas. Mais estranho é perceber este sentimento em uma festa de peão. Não pela festa em si... não pela festa, como um todo. Apenas estranheza. Daquelas que vem sem que queiramos e, ao mesmo tempo, sem que mandemos embora, tampouco. Eu estava só! Muito pode ser dito nessa frase e, o que mais gosto, nada, também!
Era bom - e ruim - passear entre as pessoas sozinho, atento "na desatenção" dos olhares que recebia: ora furtivos, ora desejosos, ora indiferentes, ora divertidos (de uma diversão que não tinha nada a ver comigo, mas que meu abalo dizia: "é de você que estão rindo"). Ainda ouço o eco da gargalhada malvada de meu pensamento "boicotante".
Nada prendia minha atenção, talvez um rosto aqui ou ali que parecesse com aquele que eu queria estivesse ao meu lado. Infelizmente não estava... e por isso, talvez, a solidão.
Por que também não lancei olhares desejosos e sapecas para conseguir algo? Ah, não faz muito sentido quando se está apaixonado! Parece que a vida gira em torno desse outro, mesmo ausente, e a fidelidade algema-nos qualquer intenção, graças a Deus...
Mais passos para o "não me interessa", mais desvios de rota na imensidão humana do parque de exposições. Que horas vai começar esse show? Era o que sempre me perguntava, a cada dez minutos, olhando o relógio.

- Desculpe, estou esperando alguém - mentia sem pudor às aproximações.

"O que cada um esconde debaixo do seu chapéu?", de repente a dúvida me assaltou. Percebi logo que a pergunta tinha a profundidade de um Iceberg. Não queria saber dos tipos de cabelo ou corte (se bem que alguns dos que vi poderiam ter sido tampados por chapéus, rs); quero o pensamento que evola, mesmo que um perigo eminente.
Quero penetrar na intimidade dos outros para tentar salvaguardar a minha; quero entender o que se passa nos pensamentos humanos, que se misturam com os desejos, e com os sonhos, e com as realizações, e... para, enfim, saber que caminho percorrer na descoberta de mim...

- Olá! Pois é... gosto das músicas dela! Acho que vai ser um bom show... Não, não, estou acompanhado. Obrigado pelo convite... nos topamos! - novamente me esquivava, até dos conhecidos. Era bom - e ruim - estar sozinho em uma festa de peão... acho que faltava alguém!

Queria penetrar nos pensamentos e descobrir um que me alheasse da sua ausência... queria saber que sou seu pensamento, e poder ficar feliz e leve no show, e curtir as músicas romanticas abraçado a mim mesmo... mas acho que já sou grandinho para sonhos infantis!
Forgiven, not forgotten... é... traduz bem o que eu quero e estou vivendo numa festa de peão! Acho que vou comprar um chapéu também!

(diário explícito desta vez)

Comentários

Anônimo disse…
Cara, adoro vir aki, vc escreve muito bem!!! parece que estou conversando com você!
jamais quero ser grande o suficiente para não ter sonhos infantis... mas para transformar sonhos em realidade, mesmo que sentimental...
obrigado por expor seu diário! me enrriquece ler-lo!!
abraços!!
Louco por Festa disse…
Forgiven, not forgotten! Realmente. Perdoado mais não esquecido!
Evanir disse…
Estar aqui no seu blog hoje
é mais uma benção divina.
Que sua terça feira seja de
paz e realizações na sua vida.
Que o amor fassa parte não só dos seus sonhos ,
mais sim uma realização .
Ter você como amiga é muito mais
do que mereço.
È por isso que estou trazendo essa mensagem
pois não quero que você me esquesa.
Um beijo no coração pra sempre sua amiga,Evanir.
Alexlisboa disse…
Muito obrigada, é sempre bom ver que há quem goste da nossa escrita (:
Adoro os textos do teu blog, são fantásticos!
beijinho*
Mas talvez a vida não teria a menor graça sem os sonhos Éverton.

Obrigada pelo caronho de sempre viu, você torna meu cantinho mais especial.

Beeijo
PauloSilva disse…
Agradecido pelo seu comentário. É bom saber que se pode contar sempre com um ombro amigo.

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