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Inocência


Andarilho viajante dos meus pensamentos
Absorto em mim à preferência de observação inútil pela rua
Vi, sob o clarão da lua
Um olhar atrair minha atenção

Poderoso turbilhão na multidão
Como uma chuva de estrelas cintilantes
Esse olhar fez-se dilacerante
Estraçalhou tudo quanto um dia eu fui...

E, sem dó ou piedade, partiu
Com um sorriso enviesado, virou a esquina
E correndo atrás desse doce enigma
Me vi perdido numa rua bem conhecida (paixão?)...

E fiquei a olhar o vazio,
Que estranhamente já não era sofrido
Porque da solidão que provavelmente teria sentido
Ficou a lembrança de um olhar divino

Mas a realidade é esmagadora frigida
Fere e marca com "ferro e sombra"
Me lembrou de uma estrada longa
De espera e procura rigida

E entre a dor e a ilusão que partiu
Prefiro ficar assim por enquanto,
Sem mim, sem fôlego e sem o olhar que quero tanto
Contemplando as estrelas na memória em recanto

Ainda hoje lembro do episódio, como cena gravada na retina
Um olhar de inocência pequenina
Esfinge enigma, de desejo e devoção...
Malevolente, contudo, pelo que fez ao meu coração!

(para os olhares que me conquistam)

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