Nos idos da Espanha ocidental,
Num período não tão distante do presente
Um conto trágico teve início,
Com alegria, amor, choro e suplício.
Era tourada na arena principal da cidade,
Que em si era bela e excitante
As protagonistas, no dia fatídico, eram
Um toureiro valente e um touro galante.
Numa luta de vida ou morte,
Onde era impossível dizer o futuro
Touro e toureiro se enfrentavam,
Na luta víscera de um amor profundo.
Um lutava pela vida,
O outro pela glória...
Um lutava pela cria,
O outro pela vitória...
A platéia estava dividida,
No espetáculo que ficaria na memória
Toureiro valente e touro galante faziam
De tudo para ficar na história.
Enquanto eles se atracavam,
Numa luta de gingas e investidas
A multidão se adensava,
Gritava, assoviava e aplaudia.
O tempo ia passando
A empolgação foi diminuindo com as corridas,
E no momento em que um deles cansou,
A multidão deu a disputa por finda
Um único golpe precisava ser desferido
Forte e certeiro no coração oponente
As glórias, os glamoures e "as pretendentes"
Estavam à espera daquele mais valente
E no momento em que o sol se punha
Vermelho como o sangue que jorraria
Um punhal foi atravessado
No coração de quem não merecia
Dificil dizer quem era esse
Se toureiro valente ou touro galante
Pois ambos foram feridos
No coração recalcitrante
O punhal de prata formosa e brilhante
Empunhado pelo toureiro valente
Estava cravado no coração do touro
Que mesmo galante, sangrava ligeiro
Mas o que poucos esperavam
Pela astúcia mostrada pelo toureiro
Era que um chifre afiado do touro
Penetraria a armadura, certeiro
E quando a noite já caia
Célere e rápida vinda do norte
Toureiro valente e touro galante
Embebidos de sangue, aguardavam a morte
E entre gritos e soluços
Da platéia expectante
Os cawboys vieram em prece
Cumprir o seu último ofício
Retirar daquele lugar triste
Lúgubre, funesto e sombrio
Corpos rígidos e frios
De duas almas ébrias e firmes
Contudo, na cena do crime
Que encerrou a saga de duas vitórias
Ficou, para contar a história triste
Além do sangue, da dor e da revolta
O punhal sangra coração
Que mais que lâmina brilhante e distinta
Era também um chifre rígido e de face fendida
Ensanguentados na dor e emoção...
E como tudo quanto escrevo
Que vem de minh'alma, em relevo
Trago esse conto subjetivo
Que foi de alegria, mas agora sobrou a dor e o suplício!
(isso vai passar também...)
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